quinta-feira, março 31, 2011

Anda tudo a pé






Um pai tinha 3 filhos.

O mais velho pediu:

-Oh pai, queria 1 carro! Na faculdade só eu não tenho!

-Só quando eu pagar o tractor.

Vem o outro:

-Oh pai quero uma moto!

-Só quando eu pagar o tractor.

A seguir vem o mais novo.

-Pai quero uma bicicleta!

-Só quando eu pagar o tractor.

O miúdo vai pró quintal amuado, vê o galo em cima da galinha, dá-lhe um pontapé e diz:

-Nesta casa, enquanto o pai não pagar o tractor, anda tudo a pé!!!

quarta-feira, março 30, 2011

terça-feira, março 29, 2011

eis como eu me sinto

Fadiga






Nomes alternativos:

exaustão, letargia, cansaço, desgaste

Definição:

Sensação de falta de energia, desgaste ou cansaço.

Considerações gerais:

A fadiga não é o mesmo que sonolência, porém o desejo de dormir pode acompanhar a fadiga. A apatia é uma sensação de indiferença, e pode acompanhar a fadiga mas também pode ocorrer independentemente.

A fadiga representa uma reação normal e importante ao esforço físico, ao estresse emocional ou à falta de sono.

A fadiga também pode ser um sintoma não específico de um distúrbio psicológico ou fisiológico. A fadiga patológica (relacionada com doença) não pode ser aliviada com o repouso adequado, o sono adequado, a supressão dos fatores de estresse. A fadiga que não pode ser aliviada por meios normais, ou que ocorre na ausência de causas conhecidas, ou de outros sintomas, deve ser avaliada clinicamente.

O padrão de fadiga pode ajudar a delinear sua causa subjacente. As pessoas que se levantam de manhã descansadas, mas que com a atividade se cansam rapidamente podem estar com um problema ou uma doença em curso. As que acordam já cansadas e que o nível de fadiga permanece constante durante o decorrer do dia, pode estar sofrendo de depressão. No entanto, esses não são fatores absolutos e a fadiga crônica deve ser avaliada por um médico.

Em muitos casos, a fadiga está relacionada ao aborrecimento, infelicidade, decepção, falta de sono, ou trabalho intenso. Pela fadiga ser uma reclamação comum e muitas vezes ser causada por problemas psicológicos, sua gravidade potencial muitas vezes é negligenciada.

sexta-feira, março 25, 2011

Meteo

Ora bem, consultada a meteorologia para perspectivar o fim de semana, verifica-se a forte possibilidade de chuva.
Já aqui escrevi que não gosto da chuva, é verdade, são normalmente dias tristes e quando calha ao fim de semana, pior ainda.
No entanto, também sobre a chuva se escrevem coisas bonitas como esta:

Mistério

Gosto de ti, ó chuva, nos beirados,
Dizendo coisas que ninguém entende!
Da tua cantilena se desprende
Um sonho de magia e de pecados.

Dos teus pálidos dedos delicados
Uma alada canção palpita e ascende,
Frases que a nossa boca não aprende,
Murmúrios por caminhos desolados.

Pelo meu rosto branco, sempre frio,
Fazes passar o lúgubre arrepio
Das sensações estranhas, dolorosas…

Talvez um dia entenda o teu mistério…
Quando, inerte, na paz do cemitério,
O meu corpo matar a fome às rosas!

Florbela Espanca

segunda-feira, março 21, 2011

Dia Mundial da Poesia

TABACARIA

Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
à parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.


Janelas do meu quarto,
Do meu quarto de um dos milhões do mundo que ninguém sabe quem é
(E se soubessem quem é, o que saberiam?),
Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente,
Para uma rua inacessível a todos os pensamentos,
Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa,
Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres,
Com a morte a pôr humidade nas paredes e cabelos brancos nos homens,
Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada de nada.

Estou hoje vencido, como se soubesse a verdade.
Estou hoje lúcido, como se estivesse para morrer,
E não tivesse mais irmandade com as coisas
Senão uma despedida, tornando-se esta casa e este lado da rua
A fileira de carruagens de um comboio, e uma partida apitada
De dentro da minha cabeça,
E uma sacudidela dos meus nervos e um ranger de ossos na ida.

Estou hoje perplexo, como quem pensou e achou e esqueceu.
Estou hoje dividido entre a lealdade que devo
À Tabacaria do outro lado da rua, como coisa real por fora,
E à sensação de que tudo é sonho, como coisa real por dentro.

Falhei em tudo.
Como não fiz propósito nenhum, talvez tudo fosse nada.
A aprendizagem que me deram,
Desci dela pela janela das traseiras da casa.
Fui até ao campo com grandes propósitos.
Mas lá encontrei só ervas e árvores,
E quando havia gente era igual à outra.
Saio da janela, sento-me numa cadeira. Em que hei-de pensar?

Que sei eu do que serei, eu que não sei o que sou?
Ser o que penso? Mas penso tanta coisa!
E há tantos que pensam ser a mesma coisa que não pode haver tantos!
Génio? Neste momento
Cem mil cérebros se concebem em sonho genios como eu,
E a história não marcará, quem sabe?, nem um,
Nem haverá senão estrume de tantas conquistas futuras.
Não, não creio em mim.
Em todos os manicómios há doidos malucos com tantas certezas!
Eu, que não tenho nenhuma certeza, sou mais certo ou menos certo?
Não, nem em mim...
Em quantas mansardas e não-mansardas do mundo
Não estão nesta hora génios-para-si-mesmos sonhando?
Quantas aspirações altas e nobres e lúcidas -
Sim, verdadeiramente altas e nobres e lúcidas -,
E quem sabe se realizáveis,
Nunca verão a luz do sol real nem acharão ouvidos de gente?
O mundo é para quem nasce para o conquistar
E não para quem sonha que pode conquistá-lo, ainda que tenha razão.
Tenho sonhado mais que o que Napoleão fez.
Tenho apertado ao peito hipotético mais humanidades do que Cristo,
Tenho feito filosofias em segredo que nenhum Kant escreveu.
Mas sou, e talvez serei sempre, o da mansarda,
Ainda que não more nela;
Serei sempre o que não nasceu para isso;
Serei sempre só o que tinha qualidades;
Serei sempre o que esperou que lhe abrissem a porta ao pé de uma parede sem porta
E cantou a cantiga do Infinito numa capoeira,
E ouviu a voz de Deus num poço tapado.
Crer em mim? Não, nem em nada.
Derrame-me a Natureza sobre a cabeça ardente
O seu sol, a sua chuva, o vento que me acha o cabelo,
E o resto que venha se vier, ou tiver que vir, ou não venha.
Escravos cardíacos das estrelas,
Conquistámos todo o mundo antes de nos levantar da cama;
Mas acordámos e ele é opaco,
Levantamo-nos e ele é alheio,
Saímos de casa e ele é a terra inteira,
Mais o sistema solar e a Via Láctea e o Indefinido.

(Come chocolates, pequena;
Come chocolates!
Olha que não há mais metafísica no mundo senão chocolates.
Olha que as religiões todas não ensinam mais que a confeitaria.
Come, pequena suja, come!
Pudesse eu comer chocolates com a mesma verdade com que comes!
Mas eu penso e, ao tirar o papel de prata, que é de folha de estanho,
Deito tudo para o chão, como tenho deitado a vida.)

Mas ao menos fica da amargura do que nunca serei
A caligrafia rápida destes versos,
Pórtico partido para o Impossível.
Mas ao menos consagro a mim mesmo um desprezo sem lágrimas,
Nobre ao menos no gesto largo com que atiro
A roupa suja que sou, em rol, para o decurso das coisas,
E fico em casa sem camisa.

(Tu que consolas, que não existes e por isso consolas,
Ou deusa grega, concebida como estátua que fosse viva,
Ou patrícia romana, impossivelmente nobre e nefasta,
Ou princesa de trovadores, gentilíssima e colorida,
Ou marquesa do século dezoito, decotada e longínqua,
Ou cocote célebre do tempo dos nossos pais,
Ou não sei que moderno - não concebo bem o quê -
Tudo isso, seja o que for, que sejas, se pode inspirar que inspire!
Meu coração é um balde despejado.
Como os que invocam espíritos invocam espíritos invoco
A mim mesmo e não encontro nada.
Chego à janela e vejo a rua com uma nitidez absoluta.
Vejo as lojas, vejo os passeios, vejo os carros que passam,
Vejo os entes vivos vestidos que se cruzam,
Vejo os cães que também existem,
E tudo isto me pesa como uma condenação ao degredo,
E tudo isto é estrangeiro, como tudo.)

Vivi, estudei, amei e até cri,
E hoje não há mendigo que eu não inveje só por não ser eu.
Olho a cada um os andrajos e as chagas e a mentira,
E penso: talvez nunca vivesses nem estudasses nem amasses nem cresses
(Porque é possível fazer a realidade de tudo isso sem fazer nada disso);
Talvez tenhas existido apenas, como um lagarto a quem cortam o rabo
E que é rabo para aquém do lagarto remexidamente

Fiz de mim o que não soube
E o que podia fazer de mim não o fiz.
O dominó que vesti era errado.
Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti, e perdi-me.
Quando quis tirar a máscara,
Estava pegada à cara.
Quando a tirei e me vi ao espelho,
Já tinha envelhecido.
Estava bêbado, já não sabia vestir o dominó que não tinha tirado.
Deitei fora a máscara e dormi no vestiário
Como um cão tolerado pela gerência
Por ser inofensivo
E vou escrever esta história para provar que sou sublime.

Essência musical dos meus versos inúteis,
Quem me dera encontrar-me como coisa que eu fizesse,
E não ficasse sempre defronte da Tabacaria de defronte,
Calcando aos pés a consciência de estar existindo,
Como um tapete em que um bêbado tropeça
Ou um capacho que os ciganos roubaram e não valia nada.
Mas o Dono da Tabacaria chegou à porta e ficou à porta.
Olho-o com o desconforto da cabeça mal voltada
E com o desconforto da alma mal-entendendo.
Ele morrerá e eu morrerei.
Ele deixará a tabuleta, eu deixarei os versos.
A certa altura morrerá a tabuleta também, e os versos também.
Depois de certa altura morrerá a rua onde esteve a tabuleta,
E a língua em que foram escritos os versos.
Morrerá depois o planeta girante em que tudo isto se deu.
Em outros satélites de outros sistemas qualquer coisa como gente
Continuará fazendo coisas como versos e vivendo por baixo de coisas como tabuletas,

Sempre uma coisa defronte da outra,
Sempre uma coisa tão inútil como a outra,
Sempre o impossível tão estúpido como o real,
Sempre o mistério do fundo tão certo como o sono de mistério da superfície,
Sempre isto ou sempre outra coisa ou nem uma coisa nem outra.
Mas um homem entrou na Tabacaria (para comprar tabaco?),
E a realidade plausível cai de repente em cima de mim.
Semiergo-me enérgico, convencido, humano,
E vou tencionar escrever estes versos em que digo o contrário.

Acendo um cigarro ao pensar em escrevê-los
E saboreio no cigarro a libertação de todos os pensamentos.
Sigo o fumo como uma rota própria,
E gozo, num momento sensitivo e competente,
A libertação de todas as especulações
E a consciência de que a metafísica é uma consequência de estar mal disposto.

Depois deito-me para trás na cadeira
E continuo fumando.
Enquanto o Destino mo conceder, continuarei fumando.

(Se eu casasse com a filha da minha lavadeira
Talvez fosse feliz.)
Visto isto, levanto-me da cadeira. Vou à janela.
O homem saiu da Tabacaria (metendo troco na algibeira das calças?).
Ah, conheco-o; é o Esteves sem metafísica.
(O Dono da Tabacaria chegou à porta.)
Como por um instinto divino o Esteves voltou-se e viu-me.
Acenou-me adeus, gritei-lhe Adeus ó Esteves!, e o universo
Reconstruiu-se-me sem ideal nem esperança, e o Dono da Tabacaria sorriu.

quinta-feira, março 17, 2011

A propósito dos nossos dias

Los políticos de toda Europa siguen en la estratosfera. Productividad, en relación con qué? La robótica industrial, la informatización y la mecanización en general están suplantando a millones de trabajadores en los países industrializados, con infinitamente mayor productividad por unidad en la mayoría de los casos. La tendencia a la implantación de estos sistemas mecanizados es imparable, con lo cual cada día estaremos más cerca de que los humanos dejemos de ser productivos en comparación con las máquinas. De qué viviremos entonces? Alemania y el núcleo más rico de Europa han aportado ciertamente muchos fondos a España para equiparar su nivel de renta e infraestructuras al suyo y así disponer de un mercado ventajoso para sus mercancías, pero qué pasará cuando los compradores de sus productos no tengan suficiente poder adquisitivo y los países emergentes como China e India produzcan productos de igual o mayor calidad que los alemanes y a precios mucho más bajos. Entonces China será en todo mucho más competitiva y de nada habrá valido la bajada europea del coste salarial porque el chino estará siempre muchísimo más bajo. Alemania como primer exportador mundial tiene los días contados. Se había subestimado la capacidad de evolución tecnológica de China, que ya empieza a competir seriamente con alta tecnología. El coste laboral es una minucia que no va a contribuir significativamente en el futuro económico de Europa y, en cambio, sí que puede precipitar revueltas de los trabajadores, verdaderas víctimas del sistema capitalista. Cuanto antes de busquen soluciones en profundidad, menos doloroso será el batacazo.

terça-feira, março 15, 2011

Adivinha

Eu tive princípio e fim,
mas no meu presente estado,
nem sabes onde começo,
nem onde fui acabado.
Parte sou duma cadeia,
que não tira a liberdade,
adorno aquele que prendo,
e se o aperto é amizade.
Quase sempre aos desposados,
me dão no dia primeiro,
pois no dia em que se casam
começa o seu cativeiro.

sexta-feira, março 11, 2011

Culinária

Andava há tempos a pensar no assunto, sempre que como convidado me apresentavam este pitéu; apesar de, por definição, se destinar a mero aconchego, eu, ele e umas tostinhas ficávamos ali juntinhos em tamanha felicidade, que muitas vezes superava a da oferta subsequente.

Pois bem, vai ser este fim de semana que pela primeira vez aqui em casa vamos ter paté de atum e delicias, obra e graça, não da habitual cozinheira, tão pouco de qualquer Espírito Santo, mas sim aqui do “je”.

Correndo bem a empreitada talvez aqui venha a parar testemunho (leia-se foto) para a posteridade.

quarta-feira, março 09, 2011

Sublinhados - IV

"D. João, quinto do nome na tabela real, irá esta noite ao quarto de sua mulher, D. Maria Ana Josefa, que chegou há mais de dois anos da Áustria para dar infantes à coroa portuguesa e até hoje ainda não emprenhou. Já se murmura na corte, dentro e fora do palácio, que a rainha, provavelmente, tem a madre seca, insinuação muito resguardada de orelhas e bocas delatoras e que só entre íntimos se confia. Que caiba a culpa ao rei, nem pensar, primeiro porque a esterilidade não é mal dos homens, das mulheres sim, por isso são repudiadas tantas vezes, e segundo, material prova, se necessária ela fosse, porque abundam no reino bastardos da real semente e ainda agora a procissão vai na praça. Além disso, quem se extenua a implorar ao céu um filho não é o rei, mas a rainha, e também por duas razões. A primeira razão é que um rei, e ainda mais se de Portugal for, não pede o que unicamente está em seu poder dar, a segunda razão porque sendo a mulher, naturalmente, vaso de receber, há-de ser naturalmente suplicante, tanto em novenas organizadas como em orações ocasionais. Mas nem a persistência do rei, que, salvo dificultação canónica ou impedimento fisiológico, duas vezes por semana cumpre vigorosamente o seu dever real e conjugal, nem a paciência e humildade da rainha que, a mais das preces, se sacrifica a uma imobilidade total, depois de retirar-se de si e da cama o esposo, para que se não perturbem em seu gerativo acomodamento os líquidos comuns, escassos os seus por falta de estímulo e tempo, e cristianíssima retenção moral, pródigos os do soberano, como se espera de um homem que ainda não fez vinte e dois anos, nem isto nem aquilo fizeram inchar até hoje a barriga de D. Maria Ana. "
Memorial do Convento (José Saramago)

quinta-feira, março 03, 2011

Constatação


Desculpa, é talvez a palavra que mais gosto de ouvir, e é, ao mesmo tempo, e em determinadas situações, uma das mais dificeis de dizer.
O curioso da questão é que hoje mesmo, da mesma forma que anseio por um pedido de desculpas de alguém, dou por mim a reconhecer que também não sou capaz de o fazer relativamente a outra pessoa que o merece.